FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HOSPEDAGEM E ALIMENTAÇÃO

Competitividade e estabilidade geopolítica são temas centrais em discussão da cúpula do comércio latino-americano

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Crédito/Foto: Marcelo Freire

Com a participação de representações empresariais do Mercosul, encontro marcou o ingresso oficial da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) na Federação Sul-Americana de Turismo (Fedesud)

Com trabalho conjunto dos setores produtivos, a América do Sul pode sair fortalecida da crise global. Essa foi uma das principais conclusões observadas durante a IV Conferência de Comércio Internacional e Serviços do Mercosul (CI23), sediada, nesta quarta-feira (8), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio de Janeiro. O evento reuniu as Câmaras do Comércio do bloco e contou com painéis sobre o atual cenário econômico dos países latino-americanos, com os respectivos setores de comércio e serviços. O encontro marcou também o ingresso oficial da CNC na Federação Sul-Americana de Turismo (Fedesud).

Abrindo a agenda, o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, destacou que o grupo se apresenta como interlocutor do fortalecimento e integração dos países do Mercosul diante da força dos setores representados. “Vemos a necessidade de aumentar a presença global do bloco. Não apenas com a União Europeia, mas também progredir com a Aliança do Pacífico. Apesar do cenário internacional de guerras e crise, há vontade política em avançar em direção à integração econômica”, afirmou.

Impossibilitado de participar do evento, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, enviou uma mensagem em vídeo. “As Câmaras do Comércio têm papel fundamental para fortalecimento da região e desenvolvimento econômico dos países. O Mercosul precisa ocupar posição cada vez mais relevante. Temos o desafio de estabelecer relação com outros países e o papel estabelecido pelo setor é fundamental na criação de ambiente favorável e de estímulo à competitividade”, completou, ressaltando que o Mercosul é o principal mercado explorado pelas firmas exportadoras do Brasil e também é um dos principais fornecedores do nosso país.

O presidente Tadros acrescentou a necessidade de deixarmos de lado diferenças ideológicas e enfatizou a importância da união. “Não há que se falar em governos de direita ou de esquerda. Nossa premissa preconizada nesse fórum é de democracia, livre- comércio e segurança jurídica. Tendo esses pilares constituídos, precisamos trabalhar sempre com diálogo”, pontuou.

Participaram da agenda, ainda, María Noel Reyes, cônsul-geral do Uruguai; o ex-senador e conselheiro da Presidência da CNC, Bernardo Cabral; e o representante da Apex Brasil, Sandro Kirschner.

O Conselho de Câmaras de Comércio do Mercosul (CCCM) foi instituído em 1992, no Paraguai, a fim de criar um organismo representativo de comércio e serviços do Mercosul, coordenando ações para harmonização e validação do processo de integração estabelecido pelo Tratado de Assunção. A primeira edição da conferência foi promovida em 2019, pela Câmara Argentina de Comércio e Serviços (CAC).

CNC se torna membro de entidade do turismo do Mercosul

O destaque da agenda foi a oficialização da adesão da CNC como membro da Fedesud, entidade internacional que busca promover e integrar o turismo na América do Sul. A presidente da Federação, Marina Cantera, deu as boas-vindas à Confederação e ressaltou que a atuação conjunta será fundamental para vencer desafios e construir o futuro do turismo sul-americano.

“Temos a convicção de que o turismo é um dos setores que vão liderar a economia no pós-pandemia e de que o único caminho para isso é conjunto. Não avançaremos de forma individual”, ressaltou Marina. Complementando, o presidente Tadros pontuou que a parceria “abre um corredor turístico entre os países do Mercosul” e elencou ganhos. “Com sua ampla diversidade territorial, o Brasil tem muito a contribuir para o desenvolvimento do turismo na América do Sul. Costumo lembrar que, mesmo com enormes guerras mundiais, a Europa se uniu, mas nós ainda estamos acertando os passos “, afirmou o presidente da CNC.

Também participou da agenda um dos coordenadores da Fedesud, Maximiliano Mauvecin, que apresentou o projeto turístico transnacional Caminho dos Jesuítas, patrimônio da Unesco e principal corredor turístico da região, envolvendo cinco países. Para o coordenador, o projeto, que é encabeçado pelo Governo do Paraguai, tem potencial de avanços com a integração do Brasil. “É uma oportunidade única de atuação conjunta dos setores público e privado para a criação de inteligência turística, aliando todos os aspectos da sustentabilidade e da governança”, apontou.

Bloco avança, mas adesão de setores ainda é desafio

Participando de painel sobre a atual conjuntura do bloco econômico, o representante do Ministério das Relações Exteriores, Filipe Lopes, explicou que o Mercosul vem conquistando importantes avanços, em especial, no que diz respeito ao aspecto do livre- comércio, mas ainda há desafios importantes que estão pendentes. Ele citou a necessidade de inclusão dos setores açucareiro e automotivo na participação do bloco, além da adesão às linhas de tarifa externa comum.

“Entre os diversos avanços observados, este ano conseguimos saldar a dívida com o Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), quitando U$ 99 milhões que eram devidos desde 2015, e assim poderemos nos beneficiar com o fomento a novos projetos de redução de assimetria com os países vizinhos”, enfatizou, convidando ainda os presentes à cerimônia de passagem da Presidência Pro Tempore do Conselho para o Paraguai, em dezembro deste ano, atendendo a gestão coparticipativa.

Crescimento conjunto em nova era da globalização

No bloco final, sobre expectativas e contribuições do Conselho do Mercosul, o diretor da CNC Rubens Medrano comentou que, atualmente, diante da pandemia e de conflitos internacionais, uma mudança geopolítica internacional tem acelerado e sido consolidada, o que deve provocar uma reflexão profunda dentre os líderes do bloco. “Na crise, buscamos oportunidades. Agora é hora de esquecer o passado e buscar um futuro promissor, com mais investimentos e mais qualidade de vida para a população”, ressaltou.

O secretário da Câmara Argentina de Comércio e Serviços (CAC), Rodrigo Graziano, apontou que o Mercosul é uma das saídas para as necessidades de globalização, mas que há um desafio claro de construção de institucionalidade entre os países. “Falo de manter uma agenda ativa e poder mostrar dentro do setor privado a nossa capacidade para o mundo. Precisamos de um Mercosul mais forte, fora e dentro do próprio bloco.”

Ernesto Figueredo Coronel, presidente da Câmara Nacional de Comércio e Serviços do Paraguai (CNCSP), alertou que os países do bloco têm o que é preciso neste momento de cenário adverso global, como alimentos e moradia. “A América do Sul tem qualidade e recursos naturais, o que configura uma grande oportunidade”, enfatizou, afirmando que mais empresas têm buscado esses países à procura de ambientes tranquilos para negociações e que mais pessoas têm migrado para uma vida melhor, e isso aumenta a competitividade do Mercosul diante dos outros blocos econômicos.

Julio César Lestido, presidente da Câmara de Comércio e Serviços do Uruguai (CNCUY), refletiu que o setor é um importante gerador de riquezas e que hoje há outra ordem mundial, com desafios muito próprios do segmento privado. “O que nós queremos é trabalhar juntos. Chegou a hora de dizer ao Mercosul que vamos parar de fazer análises e que vamos entrar em campo para jogar.”

Com a recém-aprovação da participação da Bolívia no Mercosul, o vice-presidente da Câmara Nacional de Comércio do país (CNC Bolívia), Douglas Ascarrunz Aramayo, indicou oportunidades aos países para além do comercial. “Nossa adesão é um processo que vai durar quatro anos, para ajustes necessários em um processo homogêneo, mas estamos muito felizes e sabemos que é imperativo acelerar essa adesão.”

Jorge Castellanos, diretor da Câmara de Indústria e Comércio da Bolívia, destacou que os destacou que os empresários se preocupam com a sustentabilidade do negócio e o planejamento a longo prazo nos países do bloco. “Todos os empresários estão apostando no desenvolvimento dos países, e a geração de empregos é um dos temas prioritários. O que fazemos todos os dias é tentar gerar desenvolvimento e, apesar de necessitar dos governos, precisamos buscar soluções por conta própria.”

Assista ao evento completo 

Fonte: CNC

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